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De Peter15 a 22 de Dezembro de 2008 às 20:32
"afastamento mensurável (alguns cm (poucos) que a lua vai tendo anualmente. Este afastamento só é explicado de uma forma qualitativa através do efeito das marés"

Não sabia e não me sinto diminuido por estar sempre a aprender.

Claro que não sei como é que o efeito das marés pode ocasionar esse afastamento, mas estou aqui para aprender.
De alf a 22 de Dezembro de 2008 às 23:00
A ideia do efeito de maré é a seguinte: o campo gravítico ente dois planetas causam uma deformação que faz com os planetas tendam a ovalizar na direcção um do outro; o movimento de rotação transporta esta deformação para uma direcção diferente do alinhamento dos planetas; esta deformação origina então binários de forças que actuam sobre os dois planetas.

Vejamos a acção da Terra sobre a Lua: a Lua tende a ovalizar ligeiramente na direcção da Terra ; se ela tiver movimento de rotação, o eixo maior da Lua (que a ovalização origina) roda em relação à direcção Terra_Lua; se analisarmos agora as forças actuantes sobre a Lua verificamos que passa a existir um binário actuando sobre a rotação da Lua que não existiria se ela fosse esférica - a «proeminência» devida ao efeito de maré situada do lado da Terra exerce um efeito de travagem na rotação da Lua.

É por isso que os planetas que sofrem maior efeito de maré têm uma rotação «especial» - a Lua tem sempre a mesma face virada para a Terra; Mercúrio tem uma órbita muito elíptica que origina um ligeiro movimento de rotação que minimiza o efeito de maré - dá uma volta e meia por cada volta ao Sol; Vénus, que de todos os planetas é sofre o mais forte efeito de maré do Sol, tem só um ligeirissimo movimento de rotação, no sentido contrário ao de todos os outros planetas, e tal que apresenta sempre a mesma face à Terra qd está mais próxima desta.

E agora a influencia da Lua sobre a Terra. A ovalização da Terra é feita pelos oceanos; então a rotação da Terra não transporta essa deformação como acontece nos planetas sólidos - a Terra gira mas a «maré» de água permanece orientada para a Lua (estamos a ignorar o Sol, que é responsável por 1/3 do efeito). Por isso é que nós temos marés - não é propriamente o oceano que sobe e desce, somos nós que rodamos.

No entanto, os fundos marinhos e as costas exercem algum «atrito» sobre os oceanos e produzem uma ligeira desfasagem entre a ovalização destes e a direcção do campo gravítico planetário. O efeito é mínimo e o momento de travagem sobre a rotação da terra muito pequeno. Mas essa Terra oval ligeiramente fora do eixo Terra-lua exerce agora uma aceleração sobre a Lua na direcção do avanço da maré.

A Teoria do efeito de maré é a de que essa aceleração iria conduzindo a Luz para órbitas mais largas e explicaria o movimento de recessão (afastamento) da Lua em relação à Terra, cuja existêncis é conhecida há muito por as marés do passado geológico serem maiores que as actuais.

Essa recessão pode hoje ser medida com grande precisão e é de 3,8 cm por ano.

A este valor corresponderia, segundo a teoria do efeito de maré, uma certa diminuição da velocidade de rotação da Terra.

Onde é que esta ideia começa a falhar?
Primeiro: ninguém foi capaz de, até hoje, quantificar este efeito, dizer quantos centímetros deveria a Lua afastar-se da Terra
Segundo: as emulações numéricas do efeito têm obtido os resultados mais díspares, até o de fazer diminuir a distancia. Uns cálculos que fiz em tempos conduziram-me à conclusão que a consequência é um aumento da elipsidade da órbita lunar mas não da sua distância média
Terceiro: a diminuição da velocidade de rotação da Terra que corresponderia à actual velocidade de afastamento da Lua não se observa. Pelo contrário: desde que se efectuam medidas com precisão suficiente que se tem observado um aumento da velocidade de rotação da Terra - há um post antigo no «outramargem» sobre isso.

O Desvanecimento, por seu lado, prevê um valor bem definido para a velocidade de afastamento da Lua: 2H0! e acontece que 3,8 cm por ano correspondem a H0 = 50km/s/MPS, que é um dos valores possíveis de H0 (constante de Hubble), calculado por Alan Sandage. Actualmente é aceite um valor mais alto (72) mas calculado no quadro de um modelos com matéria e energia negra.

Isto, por si só, não permite concluir que é o Desvanecimento que explica a recessão da Lua. Mas acontece que não é só a Lua cuja órbita alarga - o Desvanecimento prevê que isso aconteça com todos os planetas. E os vestígios geológicos de que a Terra esteve muito mais perto do Sol, exactamente do montante previsto pelo desvanecimento, são imensos, a começar pelas altas temperaturas do passado terrestre distante. Como em Marte (água no passado)

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