“O Universo surge como?” repito a pergunta do Mário “ Achas que essa é uma questão científica, ou será antes filosófica, ou mesmo religiosa?” O Mário surpreende-se, medita um pouco e responde:
“Sem uma resposta a essa questão não podes fazer um modelo do Universo, não tens onde «pendurar» uma teoria cosmológica.”
“De facto, uma teoria cosmológica não se aplica a um estado de equilíbrio, mas sim a algo que evolui no tempo, que nunca se repete em instantes diferentes; o Universo é um sistema dinâmico num cenário evolutivo.”
“Exactamente; e os sistemas dinâmicos, cujo estudo o teu ídolo Poincaré foi o mais importante iniciador, e donde nasce a teoria do Caos, dependem criticamente das condições iniciais; é por isso que sem uma hipótese sobre o início do Universo não podes construir um modelo cosmológico.”
“Mas o Einstein não fez um modelo do Universo sem nenhum Big Bang?” esta Ana sabe coisas surpreendentes.
“Fez, mas o modelo dele era estático, era um modelo de equilíbrio; esse não precisa da definição dum estado inicial porque se repete no tempo. Mas o Universo não é assim, expande, mesmo que seja só aparentemente como diz o Jorge, logo não se repete, é sempre diferente.”
“Contrariamente à ideia que muitas pessoas fazem dele, querendo que o «hoje» e o «amanhã» sejam iguais ao «ontem»...” murmurou, filosófica, a Ana.
“Mário, tu estás a pensar nas condições iniciais porque o início é, normalmente, a situação que melhor podemos definir. Mas estás a pôr mal o problema: não precisamos das condições iniciais, precisamos, isso sim, de ter uma descrição completa e rigorosa num qualquer instante de tempo, não é verdade?”
“Sim, só que os estados seguintes ao início são logo demasiado complexos para os podermos definir com a precisão requerida, que é, na verdade, ter erro nulo. Não Jorge, a única hipótese é conhecer o estado inicial.”
“Pois aí é que estás enganado. Por duas razões. Primeiro, porque é uma grande ingenuidade pretender conhecer o que seja o estado inicial do Universo. A teoria do Big Bang foi feita numa altura em que ainda se conhecia muito pouco sobre o Universo e reflecte a visão ingénua que os poucos conhecimentos da época permitiam; no fundo, tal como o modelo de Aristóteles ou de Ptolomeu. Hoje conhecemos muito mais sobre o Universo. Podemos fazer um modelo a partir do que conhecemos em vez de tentarmos a todo o custo adaptar-lhe uma ingénua visão inicial.”
“Começar de novo!” interrompe-me o Mário, com um sorriso; aparentemente, o desafio que as minhas palavras continham estava a agradar-lhe. “E qual é a segunda razão?” pergunta.
“A segunda razão é que há um momento do Universo que podemos definir com precisão absoluta. Muito melhor do que um hipotético estado inicial. O momento ideal para iniciar o modelo cosmológico.”
“O quê? Que novidade é essa agora?”
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