
O primeiro filme de uma viagem no Tempo
“Como é que duas idades podem ser quase iguais e largamente diferentes...”, repete o Mário, “Ora, não podem, é tão simples como isso, conversas de vendedor de banha do cobra não resultam comigo, já devias saber isso, Jorge.”
“Mário, e, no entanto, a resposta a essa questão até é simples...”, uma pequena pausa faz uma sombra de dúvida cruzar o olhar do Mário e alerta Luísa e Ana, “ duas idades podem ser quase iguais na escala de tempo Atómica e largamente diferentes se medidas na escala de tempo de Referência.”
“Não sei se estou a perceber...”
“Não podes perceber por enquanto porque isto é novo para ti. Proponho-vos uma experiência conceptual, como o Einstein tanto gostava de fazer: vamos embarcar numa Cápsula do Tempo e fazer um passeio ao futuro e ao passado.”
“Boa!”, explode a Luísa, “ isto estava a ameaçar ficar chato. Eu nunca fui ao Futuro e está a agradar-me esse passeio!”
“Então, Luísa, seja feita a tua vontade, vamos começar o nosso pequeno passeio pelo Tempo em direcção ao Futuro. Mas, como ainda estamos no princípio dos mistérios do Universo, vamos fazer o seguinte: vamos considerar um Universo em que planetas e estrelas têm sempre a posição espacial e a velocidade que têm hoje. Varia o tamanho, a massa, a carga, as unidades de medida dos observadores terrestres, conforme o Desvanecimento, mas as posições e velocidades dos astros são as que têm hoje. Compreendido?”
“Portanto, para o teu observador de Referência, a Terra rodará sempre em 24h e a sua distância ao Sol será sempre a mesma, qualquer que seja o momento do Futuro que consideremos, é isso? Só vai diminuindo de tamanho, não é?”
“Isso mesmo Ana. A Terra e os seus habitantes serão tanto mais pequenos quanto mais no futuro, bem como todos os astros. Os terrestres terão a mesma percepção dos fenómenos na sua vizinhança que nós temos hoje, claro, pois o Desvanecimento satisfaz o Princípio da Relatividade, a variação simultânea das grandezas fundamentais não afecta os fenómenos locais, como já vimos. Mas nós, na nossa Cápsula do Tempo, vamos estar no papel do observador Invariante, o observador que designamos por R, e vamos ver quão pequeninos vão ficando os terrestres e como se vai alterando a sua percepção do Universo exterior.”
“Embora então, estou ansiosa por começar esse passeio, oh capitão da Nave do Tempo!”, dispara a Luísa pondo-se em pé e fazendo continência com um ruidoso bater de calcanhares no chão. Rimo-nos todos, a expressão da Luísa não autorizava outra reacção. Assim que consegui abafar o riso continuei:
“Muito bem, tripulação! Só falta uma pequena operação antes de iniciarmos o passeio: temos de calibrar os cronómetros de bordo. Sim, porque esta Cápsula do Tempo tem dois cronómetros. Um é o Cronómetro do Tempo Atómico, que nos diz qual é o Tempo fora da Cápsula, conforme os relógios dos terrestres que iremos obsevando; se bem se lembram, a unidade de tempo Atómico diminui ao longo do tempo, acompanhando o desvanecimento da matéria, não é?”
“Sim, portanto é um relógio que vai acelerando à medida que avançamos para o futuro...”
“Isso mesmo, Ana. O outro é o Cronómetro do Tempo de Referência, que é um cronómetro que usa uma unidade de tempo constante, a nossa neste momento.”
“Portanto, o tempo do observador exterior ao Universo... o tempo de um Deus... hehe, nós, na Cápsula do Tempo, vamos observar o Universo como se fossemos um Deus exterior a este mundo material!”, os olhos de Luísa resplandecem divertidos com esta ideia, ela ao lado dos deuses...
“Luísa, mas tu és uma deusa! É exactamente como dizes. Vamos então à calibração dos cronómetros. Para isso precisamos de saber uma única coisa: o tempo de semivida da matéria!”
De
antonio a 3 de Setembro de 2008 às 10:06
Meu caro Alf , há muito tempo que entrei nessa nave espacial e fico a observar a raça humana a minguar, nos seus valores, na sua dignidade... e o meu relógio também acelerou, o tempo passa por mim a um ritmo atómico. Serei eu um dos seus extraterrestres ?
De
alf a 3 de Setembro de 2008 às 22:53
Antonio
O Desvanecimento, como já começamos a perceber, é a fonte da ENERGIA, e esta a fonte da Inteligência Natural; dentro de dois posts vamos começar a perceber que o Desvanecimento é também a fonte do próprio TEMPO! Assim, o Desvanecimento, FONTE DA ENERGIA E DO TEMPO, é a fonte de todos os Acontecimentos.
É bom que saiba ser um extraterrestre de vez em quando... só observando os humanos à distancia se aprende a ser humano...
De anonimodenome a 3 de Setembro de 2008 às 19:48
momentos houve que desejava parar o relógio e saborear.
vamos todos em tempos diferentes.
a raça humana tem vindo a aumentar a consciência do seu valor como conjunto.
os negócios das drogas, das armas e do petróleo vão lixando a evolução.
vamos então acompanhar a viagem dos deuses.
De
alf a 3 de Setembro de 2008 às 22:58
anonimodenome
Diz bem, vamos agora esquecer os humanos e olhar para o Universo com o olhar dos deuses; dos problemas dos humanos tratamos no «outramargem»... onde se verá que o que lixa verdadeiramente a evolução não são apenas esses negócios mas o mesmo problema de sempre: a reprodução!
De curioso a 4 de Setembro de 2008 às 21:56
Olá...
Voltei das férias e já tenho 4 posts de atraso...
Isto está a acelerar...
Será do desvanecimento...
Agora sem brincadeiras...
Estou cada vez mais maravilhado com o desvanecimento... amim parece-me perfeito...
Explica tudo sem truques...
Voltarei com mais comentários quando lubrificar as engrenagens do cérebro...
Bem Haja
Curioso.
De
alf a 5 de Setembro de 2008 às 00:04
Bem vindo de regresso às actividades neuronais! A «cápsula do tempo» só espera que os amigos do «centro de controlo» assumam os seus lugares do outro lado do ecran para iniciar viagem!
De anonimodenome a 9 de Setembro de 2008 às 11:48
todos nós estamos a fazer uma viagem ao futuro.
neste preciso momento estou no futuro daquele outro momento em que escrevi a primeira linha.
a nave é a minha mente que se passeia pelo universo.
fisicamente não se pode voltar ao passado porque, por ex., poderia matar a minha mãe antes de me ter concebido.
mas os brilhantes físicos, eles andam loucos, gostam de resolver paradoxos ficcionando primeiro e fisicando depois.
como se resolveu o paradoxo de uma maneira brilhante ?
simplesmente fazendo nascer em cada momento do tempo e do espaço um conjunto infinito de universos que abarcassem todos os cenários futuros.
e cada um dos outros gerariam outras infinidades de universos em cada momento seguinte.
e muito bem, e nasceram do nada.
e este universo é de algum modo preferido em relação a qualquer outro ?
neste universo as histórias têm um princípio, meio e um fim, e nos outros nada é garantido quanto ao sentido dos acontecimentos.
passear no tempo, corrigir o passado, universos paralelos,... são ideias muito apelativas a muita gente.
googlo por 'parallel universes' e encontro:
aqui os resumos das extravagâncias dos físicos:
http://en.wikipedia.org/wiki/Multiverse
http://en.wikipedia.org/wiki/Many-worlds_interpretation
e, se não perceber como este universo pode ser e não ser ao mesmo tempo, pague em :
http://www.manyuniverses.com/
e em ...,...
parafraseando o brilhante Shakespeare 'To be And Not to be, that is the question'. Não é 'And' ? é 'Or' ?
desculpem, mas a partir de agora com o 'And' cubro todas as hipóteses. fica mais geral e portanto deve ficar mais certo.
porquê 11 dimensões para justificar 3+1 ?
porquê resmas de paletes de universos para justificar 1 ?
há quem diga que é uma questão de elegância.
googlo por 'elegant universe' e aparece outra fábrica de $$
títulos divertidos em :
neste http://www.youtube.com/watch?v=yzMEAkI-yrQ&feature=related
Elegant Universe -- Can String Theory detect God?
Miracle: String Theory in Quran !
The God Theory
e mesmo uma máquina de viajar no tempo
Discovery - First Time Machine
http://www.youtube.com/watch?v=oRWwI61so5Q&feature=related
prefiro seguir o alf, o extraterrestre. lembram-se da série televisiva ?.
De
alf a 9 de Setembro de 2008 às 19:52
Ena, belo comentário! passear pelo google é uma forma de turismo aliciante, fazem-se desobertas fantásticas.
É como dizes, há um grupo de cientistas que inventam as paranóias mais inacreditáveis, e falam delas com «voz grossa» dando a entender que quem não os acompanha é porque é intelectualmente limitado; e assim, a pouco e pouco, a ciência tem vindo a tornar-se pura ficção, vale-nos a tecnologia que vai empurrando esta nave enquanto a ciência se transforma em circo que entretém o povão. E podes crer que se não fosse por causa do «Evento», o Jorge não se iria dar ao trabalho de tentar expor o seu conhecimento - muito provavelmente estaria entretido a fabricar alguma espécie de disco voador...
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