“Mário, o Big Bang, apesar de ser uma teoria ingénua, introduz algo de muito importante: a compreensão de que a matéria não tem uma idade infinita. Já consciencializaste bem isto, de que a matéria não existe há uma eternidade, mas apenas há uns quantos milhares de milhões de anos?”
“Sim... não estou a perceber onde queres chegar...”
“O campo de uma partícula não se estabelece instantaneamente, pois não?”
“Pois não, o campo propaga-se com a velocidade da luz...”
“Então...?”
“Ah, creio que estou a entender-te... os campos das partículas vão crescendo ao longo do tempo...”, os olhos do Mário incendeiam-se, “no início o campo teria uma alcance nulo, e foi crescendo sempre, à velocidade da luz, continua a crescer hoje e continuará a crescer no futuro... é a soma da energia da partícula e do seu campo que tem de ser constante, não é a energia da partícula!!!!”
Mário estava siderado. Luísa e Ana expectantes.
“Pois claro, a energia da partícula alimenta o campo... a partícula descarrega-se para o campo como um condensador descarrega a sua carga eléctrica...”
“Um condensador? O que é isso?”
“É um dispositivo que acumula carga eléctrica.”
“Uma bateria?”
“Algo mais simples Ana, onde não existem processos químicos; mas podes pensar em baterias. A energia de uma partícula será como a carga de uma bateria: no início, está com carga plena, mas vai-se descarregando ao longo do tempo para alimentar o contínuo crescimento do campo. Tens aí certamente um ponto, Jorge. Porém, isso implicaria duas coisas!” Mário com um ar algo triunfante.
“O quê?”
“A primeira é que os modelos actuais do Universo teriam de estar errados, porque são baseados na invariância da matéria; teria pois de existir uma enorme discrepância entre a teoria e as observações.”
“Mário, os modelos actuais são como o modelo de Ptolomeu. São modelos da APARÊNCIA da realidade. O modelo de Ptolomeu acertava com os dados da época tal como eles eram obtidos da observação. Podemos sempre fazer modelos matemáticos de qualquer conjunto de dados.”
“Nas filosofias indianas existe o conceito de Maya, que cria a ilusão do mundo físico e nos esconde a percepção da verdade sobre o Universo, ou Brahman; de certa forma, o que estás a dizer tem paralelo neste conceito, é como se os modelos Físicos fossem modelos da aparência gerada por Maya e tu queres romper esse véu para alcançar a verdade acerca do universo...” Luísa sorri-se, mas o seu sorriso tem agora um brilho diferente, é uma luz quente de admiração, e não apenas um rasgo de alegria.
“Excelente comparação Luísa! O conceito de Maya existe na ciência, e foi introduzido por Galileu: é o Princípio da Relatividade!!!!” Pauso, esta afirmação precisa de tempo para ser percebida. Não comentam, esperam que eu continue:
“ Antigamente, as propriedades gerais da Natureza eram personalizadas como deuses, como na mitologia grega, pois o conhecimento tinha a forma de «religião»; hoje, a Física não usa «deuses», usa «princípios», como o da Relatividade, o princípio da Acção Mínima, o princípio Cosmológico e outros. O Princípio da Relatividade é a poderosa ilusão de que estamos em repouso no centro de um Universo eterno e imutável.”
“Então a Física também tem uma Mitologia!”, o sorriso de Luísa abriu-se mais e eu estou a sentir-me estranhamente atraído.
“De certa forma, podemos dizer isso, sim”, assenti, “mas devo dizer-te que o Princípio da Relatividade é só o primeiro véu da Aparência, a primeira pele de Maya. Não é a Verdade que eu tento alcançar, nem imagino o que possa ser, apenas quero ultrapassar a primeira camada.”
“Vocês estão a falar de cebolas?”, o Mário ri-se, interrompendo a ponte de olhares que se estabelecera entre mim e a Luísa e me suspendera. Noto o olhar silencioso da Ana. “Vamos à segunda consequência de considerar que a partícula é a fonte do campo: se assim fosse, a diminuição da energia das partículas deveria seguir uma lei exponencial, pois essa é a lei de descarga de um circuito desse tipo!”
“Lei exponencial? O que é isso?”
“Significa que a energia da partícula se deve reduzir a metade em intervalos de tempo iguais; esse intervalo de tempo tem o nome de semivida do processo. Os materiais radioactivos têm um comportamento deste tipo. Por exemplo, o Urânio 238 tem um tempo de semivida de 4,5 mil milhões de anos, o que significa que uma determinada quantidade desse Urânio se reduz a metade ao fim de 4,5 mil milhões de anos, a ¼ ao fim de 9 mil milhões de anos, etc. Estás a perceber?”
“Isso quer dizer que o Urânio que existe hoje na Terra é metade do que existia na Terra inicial?”
“Isso mesmo. Já vi que percebeste!”
“Mário, acabaste de dar um contributo importante: definiste qual deve ser a lei do desvanecimento: será uma lei exponencial! A lei que surge como a(t) na tabela da evolução das grandezas será uma lei exponencial. Mário dixit! ”
Mário corou ligeiramente, “Sim, mas as obervações têm de estar de acordo com isso, ou as tuas ideias estarão erradas.”
“Vamos ver se é assim ou não. E vamos saber qual é o tempo de semivida da matéria, ponto de partida para sabermos muitas outras coisas sobre o Universo.”
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