“There is, therefore, a fundamental question to answer: is it possible to build a model where scale changes in a way that cannot be detected by local experiments?”
“Outra vez? Já leste isso Luísa!”
“Não tenho culpa, ele é que repetiu... e agora a letra muda, parece letra de médico... deixa-me ver se percebo... diz ele que... Não, não posso fazer assim! Estou a pensar à engenheiro, não à cientista. O objectivo do engenheiro é resolver o problema e por isso o procedimento dele é identificar o problema, procurar uma solução, um modelo, independentemente de tudo o resto, e só depois procura compatibilizar o novo conhecimento com o conhecimento anterior. O objectivo do cientista é construir um edifício do conhecimento – face a novos dados, o que ele faz é analisar o conhecimento anterior e procurar obter dele um desenvolvimento que explique os novos dados. Ou seja, enquanto o engenheiro dá prioridade aos novos dados na análise do problema, o cientista quase que os ignora. Foi o que fez o Einstein, ele obteve a Relatividade especial ignorando o resultado de Michelson-Morley; e o mesmo na Relatividade Geral, onde ele se baseou apenas na equivalência conhecida das massas inerciais e gravíticas.” Luísa levanta os olhos para o Mário, espera certamente uma opinião.
“Sim, de facto o Einstein ignorou ostensivamente o resultado de Michelson, o que faz um bocado de confusão... mas não sei se a opinião do Jorge está correcta, afinal o Minkowsky obteve depois a Relatividade Especial directamente a partir da constância da velocidade da luz e é a versão de Minkowsky que é universalmente utilizada hoje.”
“Sim, mas a questão para o Jorge será saber se a versão do Minkowsky teria sido aceite se tivesse sido feita antes da do Einstein.”
“Ah, pois, isso parece-me uma questão pertinente... realmente, não estou a ver que uma teoria que postula que a velocidade da luz é constante em relação ao observador, qualquer que seja o movimento deste, pudesse ser aceite...”
Luísa voltou a concentrar-se no caderno:
“ Portanto, não posso deduzir a teoria a partir da variação de escala observada, porque isso é um dado novo, tenho de o fazer a partir do conhecimento anterior. Como é que o posso fazer? Tenho de me ater ao Princípio da Relatividade, mostrar que a generalização dele não está concluída, e prosseguir pelas leis fundamentais que sei dele deduzir; ou seja, vou fazer como Newton e estabelecer algumas novas leis fundamentais, deduzidas do Princípio da Relatividade. Hummmmm.... mas como é que sem recorrer aos resultados observacionais eu posso definir qual é a atenuação da radiação no tempo? Seguem-se uns gatafunhos, parece uma espiral com uma ave na ponta... uma ave a voar em círculos? Vou virar a página.”
“ O Jorge está em sofrimento, coitado... “
“O Einstein modificou as Leis Físicas a partir do Princípio da Relatividade. Eu também tenho de modificar as leis Físicas; posso fazer isso a partir dos resultados observacionais mas a análise é muito mais extensa e complexa; ou posso recorrer ao Princípio da Relatividade como instrumento para a formação de Leis. Não foi o Einstein que disse que o PR era a Lei das Leis? É um risco que a grande simplicidade de análise assim obtida pode compensar. O meu Princípio de Maya é que dava jeito, mas só o poderia usar se ele já tivesse sido enunciado anteriormente. Olha, agora muda para letras garrafais:
“Em conclusão, não vou fazer uma análise do problema específico das observações cosmológicas mas sim uma reflexão sobre factos já conhecidos; dessa reflexão resultam duas coisas: novas Leis e uma generalização do Princípio da Relatividade à posição no tempo; desta generalização vai resultar a modificação de algumas Leis Físicas, suportando uma nova teoria cosmológica. Assim faço crescer o «edifício do conhecimento» a partir dele próprio... parece-me bem!”
“Penso que o Jorge está muito enganado. Não adianta nada estar a tentar explicar ideias, as pessoas nunca as percebem. Só interessa «produtos acabados». É por isso que a análise de Minkowsky fez esquecer a de Einstein – o Einstein expõe ideias, raciocínios lógicos, compreensão dos fenómenos, enquanto o Minkowsky apresenta uma calculogia que dá certo no fim. É só isso que interessa às pessoas, a «fórmula resolvente» em si mesma, a maneira como se chega a ela não interessa nada.” O Mário faz uma pausa para pensar; continua:
“O Jorge está a tentar ser acolhido no seio da Ciência, mas tem tantas hipóteses como uma mulher de chegar a Papa. Mesmo os próprios cientistas, quando têm ideias fora do mainstream científico, o que fazem é escrever um livro, sabem que é inútil tentar publicar tais ideias no sistema científico. Porque é que ele não escreve um livro?”
“Porque o objectivo dele está para além da divulgação desta ou daquela teoria. Não sei se ele está certo ou errado, mas sei que está convencido que é necessário que esta teoria surja como uma realização da Ciência e não à margem dela.”
Mário e Luísa ficaram à espera que a Ana continuasse, mas ela nada mais diz. Luísa vira a página do caderno do Jorge.
“Então o Einstein salvou o nosso amor-próprio!” exclamou a inesperada Ana
“Salvou o quê? Que afirmação é essa?”
A Ana inspirou fundo; a sua timidez revelava-se nestas ocasiões em que se tornava o centro das atenções:
“O trabalho do Einstein descreve o Universo como um local onde o espaço e o tempo se confundem e encurvam mas que nós observamos como se não fizéssemos parte dele, como um Deus a olhar para a sua obra. O Lorentz ia dissolver-nos nesse espaço, mas o Einstein arrancou-nos daí e manteve-nos como a medida de todas as coisas.”
“Bem… estás a gozar mas podes não estar muito longe da verdade… o título do artigo do Einstein até era o mesmo do Lorentz, com outras palavras… a grande diferença entre os dois trabalhos está em que o artigo do Einstein mantém a nossa percepção primitiva... e com as nossas percepções primitivas não se brinca hehehe! Para largarmos o centro do Universo foi preciso o esforço de 4 génios, Copérnico, Galileu, Kepler e Newton; não vai ser de um momento para o outro que prescindiremos de ser a medida de todas as coisas. Continua, Luísa.”
“On the other hand, cosmologic observations configure an evolution of scale, i.e., the space expands, in our length units, at a rate independent of direction and distance; the observed invariance of physical laws implies that only a model where physical laws are independent of scale, i.e., a relativistic model of scale, can fit data both locally and non-locally.”
“Bem, espera ai… normalmente quando se fala de algo relativista está-se a referir algo que tem de ser analisado usando as teorias de Einstein... não é isso que ele está a dizer... está a dizer que é preciso uma teoria nova obedecendo ao Princípio da Relatividade sobre o problema da variação de escala...”
“ However, physics laws were established considering invariant matter and space properties and, until now, no way of either of them to vary without conflicting with physics laws has been discovered. Einstein referred to this question on his objections to space expansion theory, which conflicts with laws of dynamics, preventing it for being valid locally.”
“Eh lá, a teoria da expansão do espaço não conflitua com as leis físicas, ela é deduzida da própria teoria da Relatividade Generalizada! Não se aplica localmente apenas porque no seu estabelecimento se adoptou a hipótese simplificativa de ignorar as anisotropias locais na distribuição da matéria, doutra forma os cálculos ficariam complicadíssimos.” Esclareceu o Mário.
“Tenho ideia de ouvir o Jorge afirmar que isso era apenas uma argumentação de fuga ao problema... ”
O Mário encolheu os ombros. A Luísa decidiu continuar a leitura antes que a conversa azedasse:
“ In the search for an alternative to space expansion theory, several authors tried to model such a scale evolution considering the evolution of Length unit, or Mass, or Gravitational constant, but were not successful because their theories imply a change in physical laws.”
“Ah, pois é, as tentativas de modelar os dados considerando uma variação de qualquer característica física correram mal”
“There is, therefore, a fundamental question to answer: is it possible to build a model where scale changes in a way that cannot be detected by local experiments?”
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