“Vejamos agora a evolução”, abro nova figura:
“Portanto, o que acontece é que a matéria que fica no interior das 6 bolhas vai ser comprimida pelo campo das bolhas, formando uma estrutura interior, que vai tender para uma esfera. Na sua casca está toda a matéria das 6 calotes das bolhas originais presas no espaço interior.”
“Estou a perceber, é a matéria que corresponde ao volume de espaço interior ao quadrado azul...”
“Isso mesmo Ana. Se fizermos as contas, verificamos que numa situação típica a formação interior inicia-se quando o raio médio das bolhas é metade da distância média, originando uma estrutura interior com um raio da ordem da dezena de milhão de anos-luz e uma velocidade de contracção da ordem da centena de km/s, isto lá para um redshift de 6 ou 7, e que por volta dum redshift de 4 a velocidade de contracção é da ordem dos milhares de km/s e a dimensão do raio é da ordem de grandeza do de uma galáxia. A massa da casca é mais de uma dezena de vezes a da nossa galáxia gigante.”
“E?”
“Podemos agora ignorar os campos das bolhas e fazer as contas a partir do campo gravítico da matéria desta estrutura interior, que é agora uma esfera praticamente oca. O colapso é muito rápido, as dimensões da esfera reduzem-se à centésima ou milésima parte do ano-luz, a ordem de grandeza do sistema solar, e a pressão cinética da matéria na casca torna-se suficiente para iniciar a fusão nuclear; toda a casca é como se fosse uma estrela distribuída. O Quasar é uma gigantesca estrela oca, com a massa de várias galáxias, libertando uma energia milhões de milhões de vezes maior do que o Sol.” Calei-me, podia ver a imagem da imensa estrela oca do tamanho do sistema solar a brilhar nos olhos fascinados da Luísa e da Ana.
“Então um quasar não é produzido por um buraco negro?”
“É exactamente ao contrário, Luísa! O quasar não é produzido pela atracção gravítica dum minúsculo buraco negro no centro duma nuvem de matéria, mas pela repulsão gravítica de um gigantesco vazio exterior ao quasar.”
“Tinha de ser... as tuas explicações são sempre ao contrário...”
“O Einstein avisou que Deus é subtil... mas não é malicioso, pois, como vêm, é tudo lógico. As coisas nunca são o que nos parecem mas o problema está em nós, pois é tudo o mais simples e lógico que pode ser.”
“E essa tua explicação está de acordo com as observações cósmicas?”
“Completamente. A distribuição dos quasares é isotrópica, como resulta deste cenário, o que seria altamente improvável se eles estivessem associados a galáxias como pretende a explicação oficial; as riscas de absorção dos quasares mais antigos (z>6) mostram que o espaço nessa altura estava preenchido com gás neutro, ou seja, não havia fontes de radiação anteriores; as riscas espectrais são muito alargadas, indicando elevada velocidade do gás; e a radiação é «não-térmica», isto é, a fusão não é devida à pressão gravítica de uma camada de matéria, como nas estrelas, mas devida à pressão cinética das partículas. Os cálculos de redshift, massa e energia estão de acordo com as observações. E não precisamos nem da intervenção divina nem de matéria negra nem de um buraco negro.”
“Não olhem para mim à procura de aprovação ou contestação do que disse o Jorge; ele está a desenvolver um cenário muito diferente do que conheço, tenho de o ouvir até ao fim para poder ajuizar.”
“Vamos agora então às galáxias?”