“Agora vamos ver umas características curiosas das galáxias. Para começar, sabem qual é a velocidade da nossa Galáxia em relação ao ruído de fundo Cósmico, ou seja, o que eu chamo a velocidade absoluta da Galáxia? E a velocidade do Sol em relação ao centro da Galáxia, sabem qual é?”
“Bem... sei que a velocidade da galáxia anda pelos 500 km/s... mas não sei ao certo...”
“Pois, a tua cabeça não é exactamente a Wikipedia!” dispara jovial a Luísa
“Boa ideia, vamos à Wikipedia ver. Aqui está, na janelinha à direita: velocidade da Galáxia 552 km/s... velocidade de rotação da galáxia entre 210 e 240 km/s... velocidade do Sol em relação ao centro galáctico 220 km/s... Ah, e aqui está uma coisa interessante, o Sol move-se no sentido oposto ao do padrão em espiral da galáxia!”
“No sentido oposto? Como é isso possível?”
“A espiral não é um braço de matéria a mover-se, é algo muito diferente de que falarei mais adiante; para já, vamos analisar as velocidades do Sol e da Galáxia. A velocidade da galáxia é mais do dobro da velocidade de rotação do Sol, o que significa que a trajectória absoluta do Sol (em relação ao RFC) é uma linha aberta, uma ciclóide. Tenho aqui uma figura, querem ver:”
“Mas isso é quase uma linha recta!” Exclama a Luísa. “e 10 elevado a 18 em km é quanto em anos-luz?”
“São 100 000 anos-luz, é quanto vale cada divisão desse gráfico. Pois é, em relação ao ruído de fundo é quase uma linha recta; e se te lembrares agora da figura que já mostrei com a intersecção de duas bolhas... deixa abri-la de novo... aqui está:”
“...percebes que o movimento do Sol é o movimento da matéria na zona de intersecção a oscilar entre uma casca e outra, tipo ping-pong, e a deslocar-se para fora, empurrada pelo crescimento das bolhas. A velocidade média da matéria é a das bolhas, não é devida ao campo galáctico, e a distância ao centro galáctico resulta apenas da posição da matéria na casca, não tem nenhuma relação com a sua velocidade.”
Observam todos em silêncio. Mais uma vez, percebo que a Luísa e a Ana aguardam o veredicto do Mário. Finalmente, este pronuncia-se:
“Se é como dizes, então a velocidade das galáxias reflecte a velocidade de crescimento das bolhas e não pode ser uma qualquer; todas as galáxias geradas no mesmo anel de intersecção teriam de ter a mesma velocidade «absoluta», como lhe chamas.”
“Exactamente Mário, só a direcção variaria. E mais: o conhecimento da velocidade da Galáxia permite-nos traçar com precisão a história passada do Universo e determinar o valor desse parâmetro tão difícil de medir que é a densidade da matéria no Universo.”
“Sim, mas não respondeste à minha pergunta: a velocidade das galáxias do mesmo anel é a mesma ou não?”
“Eu não tenho dados sobre isso, mas se não fosse assim, a distribuição das galáxias no espaço não poderia configurar anéis, não é verdade? Nós observamos a disposição das galáxias em anéis até distâncias de milhares de milhões de anos e essa disposição não poderia manter-se neste tempo todo se as velocidades das galáxias do mesmo anel não fossem aproximadamente radiais e iguais.”
“Então, e as galáxias que convergem para o Grande Atractor?” A Ana desconfiada.
“São galáxias de anéis diferentes; os anéis vão intersectar-se todos por sua vez, originando uma nova estrutura espacial, mas isso é assunto mais para diante.”
“Mas o que disseste não impede que o campo galáctico não vá acelerar a matéria, determinando velocidades relativas mais altas para a matéria mais próxima, como acontece no sistema planetário.”
“Mário, repara na figura da zona de intersecção: a matéria duma casca vai ficar sujeita ao campo da outra, que lhe é quase perpendicular; o efeito é mudar a direcção da velocidade em relação ao centro galáctico mas não altera significativamente o seu módulo em relação a este. Claro que há parte da matéria que vai deslocar-se mais na direcção do centro e esta vai ser acelerada. Mas isso é o que observamos nas galáxias, onde a velocidade da matéria junto do centro já não é constante.”
O Mário queda-se meditativo, a olhar para a figura; eu continuo: “Nota que eu não sei explicar tudo, por exemplo, não sei ao certo como se fracciona a distribuição da matéria, não sei se já está fraccionada quando se dá a intersecção ou se é depois disso, se a galáxia resulta de matéria só duma casca ou se a matéria da bolha maior domina o fenómeno e determina o sentido de circulação, sendo os diferentes tipos de galáxias uma consequência das diferentes relações entre as bolhas que as originam...”
A silenciosa mas atenta Ana interrompe-me, com ar de dúvida:
“Mas ainda não estou a perceber porque é que o comportamento da matéria há-de ser diferente na galáxia e no sistema planetário porque, no fundo, ambos resultam de uma condensação de uma nuvem de matéria.”
“Ahh, mas aí é que estás muito enganada Ana, os dois processos são completamente diferentes e, na verdade, nenhum resulta da condensação de uma nuvem de matéria. A galáxia resulta de matéria apanhada numa intersecção de campos; o sistema planetário resulta de algo completamente diferente do que pensas, algo...”
A impulsiva Luísa interrompe-me:
“Antes de passares adiante, ainda te falta explicar uma coisa, essa história da espiral da Galáxia rodar ao contrário do Sol!”
“Ah, mas é para já Luísa!”
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