“Aiiiiii... tu poupa-me Jorge! Sabes quantas teorias loucas de pessoas convencidas que descobriram algo de fantástico sobre o universo eu recebo todos os anos? E sabes o trabalho que dá analisar as ideias dos outros? E nunca, até hoje, encontrei uma única que tivesse uma ideia que valesse a pena. Nunca. Nem uma. Uminha que fosse.”
“Então não sei Mário! Acontece-me o mesmo... E como a tua experiência empírica é essa, estás convencido de que não existe a possibilidade de um dia alguém aparecer com algo interessante, não é?”
“Claro! Eu não acredito em milagres! Eu sou ateu! Se não há nenhuma evidência é porque não existe, ponto final!” , o Mário lançou um olhar divertido para as damas, satisfeito consigo próprio. Nós, machos, temos todos os mesmos comportamentos...
“Mas se olhares para a história, não faltam casos de teorias feitas à margem do sistema científico... a começar pelo próprio Copérnico, pelo Galileu, até mesmo o Newton...”
“Não comparemos! Isso é desconversar! Estamos noutra época. Não se cometem os mesmo erros. A História não se repete!” alguma irritação a denunciar a falha de argumentos.
“Não?! Aí é que tu te enganas. A História é feita pelos humanos e como a experiência não é contagiosa, dizia o Henrique Santana, os humanos repetem os seus erros. Queres que eu te mostre?”
“Bem... não sei o que queres mostrar... mas mostra.”
“Conheces aquele famoso argumento com que o Galileu procurou convencer os seus contemporâneos de que tinha de ser a Terra a rodar e não o Universo?”
“Referes-te a ele perguntar o que parecia mais razoável, se o imenso Universo rodar inteiro em 24 horas ou a pequena Terra?”
“Como responderias ao Galileu, Luísa?”
“Eu?”, a Luísa surpreendida, “eu sei que é a Terra que roda... é evidente que é muito mais razoável pensar-se que é a Terra e não o imenso Universo... não sei porque é que foi necessária tanta confusão por uma coisa tão evidente...”
“Evidente mas contrária à experiência, ao conhecimento empírico das pessoas. «é contra o sensível que o saber depõe», disse o António Sérgio. A habilidade do Galileu foi a de perceber que as duas coisas são compatíveis, ou seja, é verdade que é a Terra que roda mas também é verdade que tudo se passa, para nós, como se a Terra não rodasse.”
“Estás a referir-te ao Princípio da Relatividade de Galileu!”
“Exactamente Mário! Qualquer que seja o movimento uniforme, tudo se passa como se estivéssemos em repouso.”
“E o que é que isso tem a ver com o que estávamos a dizer?”
“Tudo Mário. Aqui está um erro que estamos a repetir.”
“Estamos a repetir? Que estás tu a dizer?”
“O que te parece mais razoável, que o imenso Universo expanda inteiro ou que a pequena Terra diminua?”
“Como é isso?”
“O Universo parece expandir de uma forma rigorosamente idêntica em todas as direcções e com uma velocidade proporcional à distância a nós, o que é exactamente o que seria de esperar se nós estivéssemos muito lentamente a diminuir de tamanho.”
Mário ficou completamente surpreendido, tal ideia nunca lhe ocorrera obviamente. Olhei para a Ana e a Luísa, cujo ar era tão espantado como o do Mário. Finalmente, conseguiu encontrar algo para falar:
“Mas isso seria um disparate! Se estivéssemos a encolher certamente que daríamos por isso. Estás a brincar, não estás?”
“Não Mário, não estou. Como vês, estamos a cometer exactamente o mesmo erro. Porque, como no caso da rotação da Terra, também aqui se verifica o Princípio da Relatividade. Eu não te disse que tinha continuado o trabalho de Einstein? Só que em vez disso, os nossos neurónios, iguais aos que produziram o modelo de Ptolomeu, voltaram a repetir os mesmos erros, voltaram a criar um modelo do Universo onde as leis que vigoram aqui são diferentes das que vigoram lá longe, no “céu”.”
“Diferentes como? Que disparate é esse?”
“Claro que as leis são diferentes. Aqui o espaço não expande e não existe matéria negra nem energia negra; no céu dos astrónomos o espaço expande e é quase exclusivamente composto de matéria negra e energia negra, que são equivalentes à matéria etérea e esferas de cristal dos modelos da antiguidade. O Big Bang ou o modelo do Ptolomeu são retratos dos nossos neurónios, espelhos do funcionamento do nosso cérebro, não são modelos do Universo.”
Calo-me. Não sei como continuar. O Mário está com um ar aturdido, por detrás do olhar parado adivinho o turbilhão de pensamentos. Está a pensar no que eu disse, o Mário não é daquelas pessoas que argumenta só para mostrar que tem razão, ele procura a verdade.
“Um fenómeno desses obrigaria a reescrever toda a Física!”, articula finalmente, “Para me convenceres, tens de me demonstrar isso matemáticamente.”
“Claro Mário. E nem preciso da Análise Tensorial para isso, basta-me a matemática dos liceus. Isso está implícito nas nossas leis físicas, nas que usas todos os dias, só que tu o não vês, tal como não vês a chave da geometria do universo implícita no Teorema de Pitágoras. E repara a dimensão da nossa cegueira: nunca te tinha ocorrido a possibilidade óbvia de esta expansão tão rigorosamente geométrica, que aparenta afectar todo o Universo, mais não ser do que consequência de nós, o observador, estarmos a diminuir.”
“Mas a diminuir como?” interveio a Luísa, ar entre o assustado e o duvidoso, “é por isso que os dinossauros eram tão grandes?”
Não pude deixar de soltar uma risada. “ Nada disso Luísa! Além do mais, esta diminuição é lentíssima, são precisos uns 14 mil milhões de anos para uma redução para metade; só podemos detecta-la observando os astros muito distantes porque a luz que nos chega deles foi emitida há muitos anos e nos permite comparar o presente com o passado; mas querem que eu vos explique como é?”
“Sim”, responderam em coro mas foi o «sim» do Mário que me interessou. Parece-me que ele percebeu que podemos repetir os erros do passado. “Então voltemos à Luz! No princípio era a Luz, não é verdade? Então é pela Luz que temos de começar.”
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